Novo procedimento para tratar Desfiladeiro Toracico

Doença que causa dor e perda de força nos braços e nas mãos, a Síndrome do Desfiladeiro Torácico ainda é subdiagnosticada no Brasil. De acordo com o ortopedista Diogo Bader, cerca de 8% da população tem esta doença e a incidência dela está aumentando. “Ela é muito mal diagnosticada e vemos que os casos estão aumentando muito, parte disto por conta das profissões atuais, como o fato das pessoas ficam em uma postura errada por muito tempo e isto que acaba comprimindo o nervo e a veia e leva à síndrome”, descreve.

Muitos pacientes ainda são tratados como se tivessem um quadro de tendinite de repetição quando na verdade estão com a Síndrome do Desfiladeiro Torácico. Dr. Diogo dá algumas orientações que podem ser sinal do problema. “Os sintomas principais são dor, formigamento nas mãos e braços que pode ser eventual ou constante, perda de força e dificuldade de ficar em uma mesma posição, principalmente em atividades acima da cabeça”, pontua.

Uma vez diagnosticado, há dois tratamentos que podem ser propostos: conservador e cirúrgico. “Começamos com o tratamento conservador que inclui fisioterapia para correção postural, alongamento de alguns grupos musculares e fortalecimento principalmente das costas. Quando o paciente não relata melhora após 3 meses de fisioterapia bem feita ou se queixa de que está havendo uma perda progressiva de força nas mãos e nos braços, há a indicação de se realizar a cirurgia”, orienta.

De acordo com o especialista em ombro, há duas técnicas cirúrgicas preconizadas para este tratamento. “A mais antiga é a ressecção da primeira costela, feita por cirurgia aberta. Esta técnica tem incidência alta de lesão nervosa e índice de recidiva alto depois de 1 ou 2 anos, por isto muitos pacientes têm receio de fazer o procedimento”, afirma. A boa notícia é que um novo procedimento tem trazido resultados animadores. “Esta nova técnica foi desenvolvida na França, fazemos uma liberação por videoartroscopia. Durante o procedimento, acessamos o plexo braquial por portais (furos) e fazemos a liberação do local, os resultados estão vindo por ser uma técnica nova e os pacientes já referem uma melhora de 90 a 95% dos sintomas após o procedimento. Isto permite que eles consigam fazer fisioterapia e fortalecimento para impedir que a doença progrida”, ressalta.

De acordo com ele, a cirurgia por vídeo tem ainda outras vantagens. “O benefício desta técnica é que o cirurgião consegue enxergar todas as estruturas internas, então o índice de lesão neurológica ou vascular é menor. Além disto, o tempo de internação também é menor e a melhora da dor é eficiente tanto quanto ou até melhor que na cirurgia aberta”, diz.

A novidade tem mudado a conduta de aguardar muito tempo para passar pela cirurgia. “Antigamente retardava-se muito a cirurgia, os pacientes que iam para o procedimento já iam com sequela, com pouca força. Hoje a literatura varia entre aguardar 3 a 6 meses de fisioterapia, período que dá para saber se o paciente vai evoluir bem e não vai precisar da cirurgia e os que vão precisar. Na minha conduta não tenho esperado muito, após 3 meses de fisioterapia bem feita fazemos a reavaliação para saber se houve melhora significativa ou não na dor. Quando não há melhora da dor e há perda progressiva da força da mão e do braço é um sinal de que a cirurgia é indicada”, conclui.